O TPI salvou a própria imagem com um xeque-mate cirúrgico

(Por Wellington Calasans in X, 21/05/2024)

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A credibilidade do TPI está sob permanente ameaça. Antes este tribunal era visto como “implacável somente no julgamento dos frágeis”. Recentemente, o TPI “inovou” ao condenar o presidente russo, Vladimir Putin, mesmo que a Rússia não seja signatária (assim como os EUA, Israel, etc.) deste tribunal.

Vários países e governantes internacionais usaram a decisão do TPI para prejudicar a agenda internacional do presidente russo. Brasil e África do Sul, por exemplo, foram países que – por serem governados por políticos medíocres – tiveram medo da pressão internacional que exigia a “prisão de Putin”, caso ele fosse para eventos nestes países.

Agora, o xeque-mate do TPI nos hipócritas de sempre…

Para quem não sabe o que é um xeque-mate, recorri ao dicionário para trazer uma explicação mais bem elaborada: “ataque decisivo ao rei, peça mais importante do jogo de xadrez, em que não há qualquer possibilidade de fuga ou defesa, o que implica o término da partida com a consequente derrota do jogador atacado.”

Ao pedir a punição de Netanyahu e mais alguns por genocídio e outros crimes, o TPI salvou a própria pele. De quebra, desnudou a duplicidade dos EUA, pois agora Biden e os seus capachos ficaram presos da seguinte maneira:

1°- Se defenderem a decisão do TPI, perdem o apoio dos patrões sionistas;

2°- Se condenarem a decisão do TPI, estarão defendendo Vladimir Putin;

3°- Se rejeitarem a decisão apenas contra Netanyahu, sepultarão o TPI definitivamente como um tribunal parcial.

Eu posso até não saber jogar xadrez, mas que, com a ajuda do dicionário, eu posso dizer que o TPI aplicou um xeque-mate, isso eu posso.

NA IMPRENSA ALTERNATIVA

A Rússia zombou da reação dos EUA ao Tribunal Penal Internacional (TPI) emitir mandados de prisão contra autoridades israelenses por causa da guerra/genocídio em Gaza.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, comparou a reação dos EUA ao comportamento de um escorpião que se picou ou de uma aranha presa na própria teia. Zakharova também atribuiu a situação no Oriente Médio aos engenheiros políticos americanos.

A guerra começou em resposta a uma operação de retaliação de grupos de resistência de Gaza, resultando em milhares de mortes e deslocamentos. Washington forneceu ajuda militar a Tel Aviv e bloqueou resoluções de cessar-fogo da ONU. Biden e Blinken criticaram os mandados de prisão do TPI.

NOTA DESTE OBSERVADOR DISTANTE

O Tribunal Penal Internacional (TPI) tem enfrentado críticas significativas nos últimos anos, com alegações de parcialidade e seletividade no julgamentos de casos.

A recente decisão do TPI à possível emissão de mandados de prisão contra autoridades israelenses por causa da guerra de genocídio de Tel Aviv, com ênfase para a aclamada – em praticamente todo o mundo – inclusão do nome do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, expressou a hipocrisia de Biden sobre este tribunal.

Além disso, a mudança de posição dos EUA sobre o TPI, defendendo-o quando o presidente russo Vladimir Putin foi condenado, mas rejeitando a decisão quando se trata de Netanyahu, expõe a vergonhosa duplicidade do governo dos EUA. 

A reação de Biden à decisão do TPI sobre o genocídio de Netanyahu é a prova concreta de que Israel e EUA são irmãos siameses.  A duplicidade dos EUA revela que o TPI aplicou um xeque-mate nos hipócritas.

Se o TPI quiser manter a sua legitimidade, precisa dar uma demonstração de que está disposto e é capaz de investigar e processar todos os responsáveis ​​por crimes graves, independentemente da sua posição ou nacionalidade. 

Por osmose, via TPI, aos EUA também foi imposto o papel de comprometer-se totalmente com o tribunal e apoiar os seus esforços para processar os responsáveis ​​por crimes graves. Caso contrário, os EUA correm o risco de minar ainda mais o TPI e comprometem o seu próprio marketing de que exerce um compromisso com a justiça internacional.

Fonte aqui.


7 pensamentos sobre “O TPI salvou a própria imagem com um xeque-mate cirúrgico

  1. O TPI foi uma coisa criada por iniciativa norte americana e da Europa Ocidental para castigar quem não se curvasse aos seus diktats.
    Começou com a ex Jugoslávia para castigar os servios, que recusavam a destruição do país e ser relegados para as áreas que não interessassem a mais ninguém.
    Para salvar a face lá teve de lançar fatwas contra (poucos) croatas, mas, em regra eram mandados em paz.
    O caso mais flagrante foi o de Ante Gotovina, o carrasco dos servios da Krajina. Quando se fartou de viajar a custa dos contribuintes croatas e sabe Deus de mais quem lá se deixou apanhar. Acabou mandado em paz por não haver provas de que queria matar sérvios.
    Seguiram se dirigentes africanos mas todos os que eram protegidos pelos Estados Unidos e Ocidente em geral estavam livres de fatwas o que quer que armassem.
    Aliás, nunca o TPI pensou sequer, apesar de inúmeras queixas, em perseguir os invasores do Iraque.
    Uma invasão com falsos pretextos a que se seguiram bombardeamentos de civis, mortes aleatórias pela soldadesca, violações, tortura, uso de armas proibidas como fósforo branco, enfim, toda a coleção de crimes de guerra possíveis e imaginários.
    A pretensa hostilidade dos Estados Unidos em relação ao TPI foi o que levou muitos países a ser signatários do tratado. Metade dos signatários não o fariam se o TPI fosse visto como o tribunal do Tio Sam.
    Esta hostilidade era necessária para que países do Sul o vissem como uma instituição legítima.
    Outros foram signatários porque os Governos em exercício viram na coisa um meio de se livrarem de adversários políticos.
    E, claro, obedecendo a voz do dono o TPI tratou de lancar uma fatwa sobre Putin.
    E a coisa pegou logo mal porque muita gente sabia que igual fatwa deveria ter sido lançada sobre Zelensky por ter iniciado um ataque contra populações civis no Donbass e prisão e morte de adversários políticos.
    Para ajudar a compor o repolho, Netanyahu, criminoso há décadas, encontrou em Outubro o pretexto de que precisava para carregar no acelerador. E meteu o prego a fundo.
    Ora, depois da soldadesca fanática e cruel a mando do canalha ter morto em sete meses, numa população de pouco mais de dois milhões de pessoas, o dobro dos civis mortos pela Rússia na Ucrânia, uma população de 40 milhões de pessoas, outro remédio não houve se não lançar uma fatwa contra o canalha e o seu sanguinário ministro da Defesa. Devia ser chamado ministro da Destruição.
    E agora vem o circo da ameaça de sanções contra o TPI em quem só acredita quem quiser.
    Na certeza que não há a mais remota possibilidade dos dois canalhas sentarem o cu em Haia.
    Simplesmente, para salvar o que resta da sua credibilidade depois da fatwa contra Putin, que não fez metade do que Zelensky faria se pudesse e que os Estados Unidos fariam se fossem eles a atacar, não havia mais remédio que acusar o louco que prometeu aos palestinianos o destino dos amalequitas. E que tem usado de uma selvajeria nunca vista neste século.
    O resto é conversa.

    • “(…) uso de armas proibidas como fósforo branco, enfim, (…)”

      E o uso frequente de munições de urânio empobrecido, que envenenam depois as zonas onde ficam dispersas, e são proibidas pelas convenções internacionais.

      https://pt.wikipedia.org/wiki/Ur%C3%A2nio_empobrecido

      “O exército americano utilizou munições de urânio empobrecido durante a Guerra do Golfo, em 1991, e actualmente na ocupação do Iraque. A OTAN voltou a utilizá-las, como na Guerra da Bósnia, entre 1994 e 1995. Em 1999 foi usado na campanha de agressão contra a Sérvia. Segundo relatos de médicos noruegueses, que atenderam feridos na Faixa de Gaza, as Forças de Defesa de Israel também usaram urânio empobrecido nos ataques a Gaza, em 2008 – 2009.[9][10] O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica das Nações Unidas (AIEA), Mohammed ElBaradei, acolheu a denúncia dos países árabes, entregue pelo embaixador da Arábia Saudita, sobre o uso de munição com urânio empobrecido. A porta-voz da AIEA, Melissa Fleming, informou que “investigaremos o assunto na medida de nossa capacidade”.[11]”

  2. Claro. Os crimes é que são tantos que assim de repente num comentário não nos lembramos de os listar todos.
    O urânio empobrecido é realmente uma coisa brutal.
    Conheço um sujeito que foi mecânico dos americanos e mandado para a ex Jugoslávia. Foi diagnosticado em 2013, na Alemanha, como contaminado com urânio empobrecido, sendo a família avisada de que ele não duraria muito, e tem definhado. Era um tipo encorpado e esta mais seco que uma uva passa. Já teve cancro. Acho que só está vivo porque é ruim como as cobras.
    E se isso aconteceu a um que só lá esteve uns meses e de ver com o que se teem de se haver as vítimas servias da coisa.
    O urânio empobrecido visa aumentar o poder destrutivo das munições causando ainda mais estragos, mas o que é certo é que também destroi lentamente pessoas e tanto a Sérvia como o Iraque se viram as voltas com aumentos exponenciais de casos de cancro.
    Também a Inglaterra forneceu urânio empobrecido a Ucrânia, tendo a Rússia tratado de bombardear o primeiro carregamento, certamente houve mais.
    Lembrei me mais depressa do fósforo branco, que Israel também usou em Gaza talvez por ter visto um documentário sobre uso de fósforo branco em Falujah, Iraque. Mulheres e crianças transformadas em esqueletos mas com as roupas intactas. O fósforo branco é considerado a arma perfeita do capitalista pois que destroi totalmente os corpos mas deixa intactos tudo o que levarem vestido, roupas, jóias, seja o que for.
    E nada disto tirou o sono aos procuradores do TPI. Uma fatwa contra Bush, Blair, Aznar ou ate o nosso empregado de mesa seria tamben impossível de cumprir pois que nunca esses países impossíveis de sancionar como foi a Sérvia entregariam os seus trastes para apodrecerem numa cela em Haia como mereciam.
    Mas pelo menos dar lhes ia a credibilidade que justamente por isso nunca teve em quem ainda anda acordado.
    Já os países ocidentais condicionaram a doação de dinheiro para a reconstrução do que lá partiram em nome do Kosovo a entrega de Milosevic. E o traste que lhe sucedeu entregou porque também lhe dava jeito livrar se de um adversário político.
    O homem viria a morrer numa cela em circunstâncias algo nebulosas pouco mais de quatro anos depois. O traste que o entregou sobreviveu uns quatro meses ao crime.
    Tal como o enforcamento de Saddam, a morte de Milosevic atrás do sol posto, também ocorrida no ano da graça de Deus Nosso Senhor de 2006, e o seu regresso a Sérvia no competente fato de madeira mostrou ao mundo o que, no limite, poderia acontecer a quem não dança conforme a música do Ocidente.
    Quando a fatwa contra Putin foi lançada ainda tínhamos esperança de que as, sanções resolvessem os russos a fazer a Putin o que os servios fizeram à Milosevic.
    Um sucessor desejoso de se livrar de um opositor político tambem o poderia fazer. E talvez por saber isso o homem tratou de apostar num terceiro mandato em vez de nova dança das cadeiras. Destituir e mandar para as masmorras um presidente em exercício e mais complicado que mandar um que está afastado da política activa.
    E se a oposição ganhar as eleições a guia de marcha está garantida. Foi a fava que tocou a Milosevic.
    Claro que a fatwa contra Putin e as suas repercussões obrigaram por uma vez na vida a uma acusação contra a criatura de estimação do Tio Sam. Que todos sabemos que não vale mais que o papel em que foi escrita.
    Vai simplesmente permitir aos nazionistas vitimizar se, ladrar sobre o antissemitismo, ao mesmo tempo que continuam a matar alegremente palestinianos, libaneses, sírios e mais quem vier.
    Mas a legitimidade deste instrumento de dominação esta salva ante muitos bons espíritos e nada havera a dizer sobre a fatwa contra Putin.
    O mandado contra Netanyahu nunca seria pedido, mesmo que matasse toda a gente em Gaza e Cisjordânia, o que não quer dizer que não o faça, se não fosse preciso legitimar a fatwa contra Putin.
    Agora resta aos trastes mostrarem se muito indignados. Faz parte do jogo.

    • Uma vez sem exemplo, vá lá, “pariste” qualquer coisa de jeito, ainda que por interposta “barriga de aluguer”. Nem se percebe o que te deu, para nos ofereceres um bebé “putinista”. Aqui vai uma “fatia” do menino, salvo seja:

      “Israel, in short, is not an ordinary country. In reality – expressed in a “liberal” centrist idiom – it is the single most condensed case of a rogue state in the world, and it has enjoyed an extraordinary privilege of impunity. As John Mearsheimer pointed out years ago, there simply “is no accountability” for Israel. It is, literally, a state accustomed to – and dependent on – getting away with murder.

      That situation is, again, in Mearsheimer’s words, “outrageous.” But what is more relevant in the context of the recent ICC actions is that this impunity is not a luxury for Israel. It’s a vital necessity. A state that is so akin to an ongoing criminal enterprise is fundamentally threatened by being held up to any international legal standards. Like all genocidaires, Benjamin “Amalek” Netanyahu and Yoav “human animals” Gallant are horrible individuals, but they are dispensable. What the Israeli establishment and the international Israel lobbies are really afraid of is not what may happen to these two, but what the warrants against them signal about the future of Israel’s extraordinary privilege.”

  3. Israel não é só privilegiado, é impune.
    E não para de se vitimizar.
    Divulgaram um vídeo que segundo eles mostrava mulheres soldado israelitas a serem “raptadas” pelo Hamas. Com a legenda “não desvie o olhar”.
    Cambada de energumenos. Se uma mulher decide ser soldado tem de aceitar os azares da guerra. E um dos possíveis azares da guerra e cair em poder do inimigo.
    Um soldado, macho ou femea, é feito prisioneiro, não raptado.
    E se não desviei o olhar do jovem de 19 anos que ficou agarrado ao corpo da mãe morta num bombardeamento, apesar do sangue que empapava o sudario ate que dali foi tirado a força também não desvio o olhar de quem é feito prisioneiro sofrendo um destino perfeitamente possível num soldado.
    Tivessem tido tomates para se recusarem a andar a matar os outros. Mas quiseram participar no glorioso trabalho de contenção dos “animais humanos”. Correu mal.
    Pelo menos parem de se fazêr de vítimas. Hoje são eles os carrascos. Só eles.
    Vão ver se o mar dá megalodonte ou o bicho que engoliu o Jonas. E vão chamar antissemita ao Diabo que os carregue.

  4. Excelente análise e raciocínio. Poucas mais atitides ou comportamentos de entidades utilizadas pelo Ocidente como “instrumento legal” para atacar adversários ou inimigos podem ser tão demolidora da respeitabilidade das mesmas como a decisão condenatória adoptada agora contra Netanyahu sem quaisquer efeitos práticos.

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